Não se martirize por assistir ao BBB 21
- Marcos Ferri
- 12 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de mai. de 2022
Spoiler: eu te entendo!
Por Marcos Ferri

O apresentador Tiago Leifert - Foto: divulgação / Rede Globo
Se eu posso te pedir uma coisa, apenas uma coisa, caro leitor, é para não se culpar por assistir ao Big Brother Brasil neste fatídico ano de 2021. Não é crime, não vai matar e nem ferir alguém.
A Rede Globo terá mais lucro com você assistindo, mas nada muito expressivo em relação ao seu faturamento ao longo das últimas décadas. Você não ficará mais burro, nem menos crítico. Sua percepção política não irá pelo ralo, seus livros de literatura alemã (escritos em alemão) não serão queimados.
Lula e Bolsonaro não serão afetados com isso. O Dória também não. Fique em paz.
Eu mesmo sempre recusei esse entretenimento de quinta, como dizia aos quatro cantos, nas mesas de bar e nas aulas de comunicação e linguagem. Lembro-me bem de um professor que se estrebuchava só de pensar na sigla BBB. O Bial, diga-se de passagem, perdeu mais valor de mercado que a gasolina no tanque do seu carro.
Assistir o ‘grande irmão’ era sim um ato infracional ao intelecto do sujeito. Quem acompanhasse às edições, naturalmente seria considerado um desavisado de marca maior, um alienado de primeira grandeza.
Mas convenhamos, em 2021 tudo o que precisamos é de um pouco de alienação.
Antes de me execrar e ofender, reforço que assistir ao Big dos Bigs não o faz um retardado. Sim, eu estava errado. Tampouco aguça sua inteligência. É o bom e velho ‘tanto faz quanto tanto fez’.

Eu mesmo já preparo a pipoca diariamente para ver Juliette, Carla Diaz, Fiuk, Sarah, Gil e companhia. Alô, Projota! Estou dependente da simplicidade de pensar. É o meu respiro em dias tão ruins. Talvez um psicanalista explique esse meu desejo de cuidar da vida alheia, sendo ela não de um vizinho meu.
Como é bom avaliar Karol Conká, reclamar e analisar diante da TV (não vale xingar nas redes, nem ameaçar ninguém). Dá para aprender um pouco sobre compaixão e como não se deve ser. É bom se desligar um pouco da própria vida, dos números da Covid, do seu parente internado, do emprego um caos, do comércio fechado. Permita-se!
Você não precisa ignorar a sua existência real, mas pode embarcar no lúdico que se finge real. O Paulo Ricardo entende bem esse jogo de mistério ‘entre o bem e o mal, ser ou não ser’. O Tiago Leifert e o Boninho não são seus inimigos. Você também não precisa comprar nada da empresa que patrocina o programa.
Morreram mais de 2.300, o presidente segue a passeio, o STF continua seus julgamentos (eles não vão te consultar), vermelho, verde e amarelo não desbotarão, o meu familiar ainda está internado, o meu trabalho ainda gera preocupação, as contas não vão parar de chegar, as ruas ainda são perigosas, as festas continuam sendo um suicídio, os shoppings um perigo, viajar uma irresponsabilidade.
Ah, o combustível e o ovo vão seguir, belos e imponentes, em sua ascensão inflacionária.
Fique em casa e ligue a TV. Não precisa compartilhar com ninguém, nem comentar. Fica aqui entre nós. Se não quiser, não precisa assistir. Tem ótimos filmes e séries. Depois que acabar o programa você pode ler um bom livro. Se assistir, eu te entendo. De verdade.
Lumena autorizou...
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