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O que eu aprendi com o Oscar de 2025

  • Foto do escritor: Marcos Ferri
    Marcos Ferri
  • 6 de mar.
  • 2 min de leitura

A importância da visibilidade e agradar que dá as cartas é o grande trunfo


Walter Salles orientando Fernanda Torres no set de filmagens Ainda Estou aqui
Walter Salles e Fernanda Torres - Foto: Sofia Paciullo / divulgação

O Oscar é, sem dúvida, a maior premiação do cinema, mas acompanhar suas campanhas nos ensina que qualidade não é o único fator decisivo. A disputa da edição de 2025 deixou isso mais evidente do que nunca, especialmente com os casos de Ainda Estou Aqui (que trouxe ao Brasil a inédita estatueta de Melhor Filme Internacional – o que é motivo de sobra para comemorarmos) e Anora. Ambos os filmes receberam elogios da crítica e conquistaram espaços em festivais, mas a campanha e a temperatura de seus votantes foram cruciais. No Oscar, não basta ser bom — é preciso saber se vender.


Demi Morore e Fernanda Torres, as vencedoras do Globo do Ouro de Melhor em Comédia ou Musical e Melhor Atriz de Drama, respectivamente, não foram levadas a sério o suficiente pela academia de cinema. Mikey Madison, que faturou o BAFTA, o ‘Oscar britânico’, como os críticos adoram se referir, levou a melhor.

 

Demi, de 62 anos, viveu na pele o que o roteiro de A Substância, filme que protagoniza, retrata. O etarismo gritou alto. Madison, com seus 25 anos, é, sem dúvida, uma atriz talentosa, mas seu desempenho em Anora, somado a uma trama de qualidade questionável, não trouxe camadas suficientes para competir com Demi e Torres.



O caso de Emilia Pérez e de Karla Sofía Gascón também trouxe outra lição valiosa: a importância da reputação. O filme, que poderia ter se consolidado como um fenômeno, viu sua campanha desmoronar com a polêmica envolvendo sua protagonista. As declarações e atitudes de Gascón durante a temporada de premiações acabaram prejudicando sua trajetória, evidenciando como a imagem pública de um artista pode ser determinante no jogo da indústria.

 

Esses exemplos mostram que o Oscar não é apenas sobre cinema, mas sobre estratégia, narrativa e percepção. A história que se conta fora da tela pode ser tão crucial quanto aquela que se vê no filme.

 

O mesmo acontece em outras formas de arte, como a literatura. Quantos livros incríveis já foram escritos e nunca chegaram ao grande público por falta de divulgação? No mundo editorial, talento não é o bastante; autores precisam se tornar conhecidos, construir audiências e marcar presença nas redes, em eventos e na mídia. O mesmo princípio se aplica ao mercado de trabalho: um profissional competente, mas invisível, muitas vezes perde oportunidades para alguém que sabe se posicionar.


Atrizes que concorreram ao Oscar de melhor atriz no Oscar
Karla Sofía Gascón, Demi Moore, Cynthia Erivo, Mikey Madison e Fernanda Torres - Foto: divulgação

No fim, a realidade é a mesma em qualquer setor: "passarinho que não canta, ninguém lembra que existe". O reconhecimento vem não apenas da qualidade do trabalho, mas da capacidade de comunicar sua relevância ao mundo.

 

Ainda é preciso agradar à conveniência de quem toma as decisões. Que o diga Demi…

 

É duro, mas é verdade.


E enquanto reclamamos, esquecemos de saudar também o talento de Cynthia Erivo. Pensem nisso.

 

Agora, vamos parar de lamentar e agradecer pelo que nunca tivemos. Obrigado, Nanda! Obrigado, Selton! Valeu, Walter Salles! Enfim, um bilionário que a gente admira.

 

Sorriam, ainda estamos aqui!


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Eu... um cara de comunicação...

Marcos é jornalista, músico e escritor. Autor do livro "A Linha do Trem" e do conto "A Casa da Praia" (presente na antologia "Possessão"). Ele também foi responsável pelo site Guitar Talks, dirigiu o documentário “O Mergulho Ancestral” e integrou várias bandas, entre elas a Doravante, na qual compôs algumas canções. Entre em contato (marcosferreira.work@gmail.com)!

 

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